terça-feira, 6 de maio de 2014

SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA




Conceito de  surdocegueira
     Para entender o que é surdoceigueira, faz-se necessário uma explicação sobre a sua grafia. Conforme Lafati (1995, p. 306), a


                 Surdocegueira é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas                    pela cegueira e pela surdez. O termo hifenizado indica uma condição que somaria as                           dificuldades da surdez e da cegueira. A palavra sem hífen indicaria uma diferença,                               uma condição única e o impacto da perda dupla é multiplicativo e não aditivo.

   Para Mclnnes (1999), a premissa básica é que a surdocegueira é uma deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa com surdocegueira e um sistema para dar este suporte. O referido autor subdivide as pessoas com surdocegueira em quatro categorias:

  • Indivíduos que eram cegos e se tornaram surdos;
  • Indivíduos que eram surdos e se tornaram cegos;
  • Indivíduos que se tornaram surdocegos;
  • Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira precocemente, ou seja, não tiveram a oportunidade de desenvolver linguagem, habilidades comunicativas ou cognitivas nem base conceitual sobre a qual possam construir uma compreensão de mundo.
   O mesmo autor (1999) relata que muitos indivíduas com surdocegueira congênita ou que a adquiram precocemente têm deficiência associadas como: físicas e intelectuais. Estas quatro categorias podem ser agrupadas em surdocegueira congênitos ou surdocegos adquiridos. E dependendo da idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la em surdocegos pré-linguísticos ou surdocegos pós-linguísticos.


     

Definição e informações sobre surdocegueira

   As pessoas portadoras de deficiência múltipla são aquelas afetadas em duas ou mais áreas, caracterizando uma associação entre diferentes deficiências, com possibilidades bastante amplas de combinações. Um exemplo seriam as pessoas que têm deficiência mental e física. A múltipla deficiência é uma situação grave e, felizmente, sua presença na população geral é menor, em termos numéricos. Talvez os Telecentros raramente (ou nunca) recebam pessoas com múltipla deficiência, mas consideramos importante trazer informações sobre esta possibilidade.
   Tradicionalmente, os profissionais especializados e os familiares de pessoas com múltipla deficiência focalizavam sua atenção no que estas pessoas não podiam fazer, em suas desvantagens e dificuldades. Atualmente temos uma postura diferente: preocupamo-nos em descobrir quais são as possibilidades que a criança apresenta e quais são as suas necessidades, em vez de destacar suas dificuldades. Assim, temos descoberto formas e métodos para atendê-la.
   É importante que a família seja orientada a manter um contato com essa criança por meio dos sentidos que não foram lesados, para estimular o resíduo auditivo e, principalmente, o resíduo visual, se houver. Por exemplo: a família do bebê surdocego deve passar informações a ele por meio de toques afetivos; ele deve sentir que é amado e perceber a presença do adulto através de brincadeiras.
As instituições que recebem os casos de múltipla deficiência costumam atender principalmente casos de surdocegueira, que combinam as deficiências auditiva e visual. A pessoa que tem surdocegueira não pode ser comparada com um surdo nem com um cego, pois a pessoa com cegueira e a pessoa surda utilizam seus sentidos de forma complementar: a pessoa com deficiência visual trabalha mais sua audição e a pessoa surda conta mais com sua visão, No caso da surdocegueira, esta complementação não acontece - é uma outra deficiência. É por esta razão que escrevemos esta deficiência com uma só palavra, "surdocegueira".
O grupo mais numeroso de surdocegos é composto por pessoas com 65 anos ou ainda mais idosas, que adquiriram a deficiência sensorial tardiamente. As causas da surdocegueira podem ser:
  • acidentes graves;

  • síndrome de Usher (as manifestações clínicas desta síndrome de origem genética incluem a surdez, que se manifesta logo no início da vida e a perda visual que ocorre, geralmente, mais tarde);

  • surdocegueira congênita, resultante de doenças como a rubéola ou de nascimentos prematuros.
É difícil imaginar como uma pessoa surdocega se comunica, mas isso é possível. Os surdocegos possuem diversas formas para se comunicar com as outras pessoas.
A LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, desenvolvida para a educação dos surdos, pode ser adaptada aos surdocegos, utilizando-se o tato. Colocando a mão sobre a boca e o pescoço de um intérprete, a pessoa com surdocegueira pode sentir a vibração de sua voz e entender o que está sendo dito. Esse método de comunicação é chamado de Tadoma.
Também é possível para o surdocego escrever na mão de seu intérprete, utilizando o alfabeto manual dos surdos, soletrando as palavras ou ele pode redigir suas mensagens em sistema braile, que é um alfabeto composto por pontos em relevo criado para a comunicação dos portadores de deficiência visual.
Existe ainda o alfabeto moon, que substitui as letras por desenhos em relevo e o sistema pictográfico, que usa símbolos e figuras para designar os objetos e ações.
Há casos de crianças surdocegas brasileiras que desenvolvem condições de serem educadas com os surdos, comunicando-se em LIBRAS e usando o braile para o conhecimento da leitura e escrita. Mas, para que isso aconteça é necessário que a intervenção seja precoce, ou seja, quando a criança for bem pequena. Cada surdocego adulto tem o direito de decidir qual vai ser sua forma de comunicação, para que participe das atividades em casa, no trabalho e no lazer.
Carlos Roberto, surdocego que mora no Estado de São Paulo, Brasil, diz: "...descobri outro sentido, com o tato consigo ver o mundo". Ele se desenvolveu tão bem comunicando-se em LIBRAS que está sempre rodeado de amigos, conversando e contando piadas e está aprendendo atualmente o braile.

“Se combinam sinais que se relacionam com a funcionalidade do objeto, movimentos do corpo que descrevem a ação desejada, imitações de sinais da criança cuja intencionalidade tem sido comprovada e sinais convencionais de fácil compreensão apoiados pelo contexto em que se produzem”
(Pillar Gómez Viñas,2005)


Sites de Referências :

Rede Iris
http://www.rediris.es/list/info/sordoceguera.es.html
Sense
http://www.sordoceguera.org/Sordoceguera.htm

DERDIC - Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação
http://www.derdic.pucsp.br

Livro: Coleção - A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar
                       SURDOCEGUEIRA E DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA

e as t